Por Chuck Queen
Uma florista misturou duas ordens num dia atarefado. Uma era para ir a um novo negócio, a outra a um funeral. No dia seguinte, o tipo com o novo negócio entrou na loja. “Qual é a grande ideia? As flores que chegaram para a nossa recepção disseram: ‘Descansa em paz.'” O florista respondeu: “Bem, se você acha que isso é ruim você deveria ter visto as pessoas no funeral que receberam as flores que disseram: “Boa sorte no seu novo local”
Para alguns cristãos, a ressurreição não significa nada mais do que mudar de local, representando evidências da vida após a morte. É claro que se pode acreditar numa vida após a morte sem acreditar na ressurreição.
Para os primeiros discípulos, a ressurreição significava vindicação e a disponibilidade contínua da vida divina que Jesus encarnou. Podemos dizer: “Jesus ressuscitou” apenas porque Deus o ressuscitou dentre os mortos (ele não ressuscitou a si mesmo). A ressurreição de Jesus por Deus demonstrou a validação de Deus e a vindicação de tudo o que ele representava e pelo qual morreu. Foi a aprovação de Deus à sua vida compassiva, a sua identificação com os pobres e os desfavorecidos, a sua paixão por libertar os oprimidos, e a forma como absorveu na morte o ódio dos poderes religiosos e políticos sem devolver esse ódio.
Se a pregação apostólica em Atos é historicamente reflexo do pensamento cristão primitivo, então os primeiros discípulos interpretaram a ressurreição de Jesus como a aprovação de Deus a Jesus e a sua contínua participação na vida dos seus seguidores. A mensagem de Pedro aos líderes judeus em Jerusalém foi que Deus “ressuscitou” este Jesus “a quem vós crucificastes” e “o fez Senhor e Messias”. (Atos 2:32-36)
A narrativa de Lucas sobre a ascensão é a sua elaboração metafórica/teológica sobre a crença de que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos. A imagem mítica da levitação de Jesus nas nuvens é uma forma poética de dizer que Jesus foi levado para a própria vida de Deus, que é acessível a todos. Nas palavras do teólogo Hans Küng, a ressurreição de Jesus foi sua “suposição na realidade última”. Ele foi criado por Deus para compartilhar a vida transcendente de Deus, e agora como o Cristo cósmico medeia esta mesma vida para seus discípulos.
Esta vida é oculta, oculta, espiritual, mas ainda assim real, dinâmica e poderosa. O escritor espiritual Irmão David Steindl-Rast observa que ela está “escondida como a fonte está escondida na correnteza” e “podemos sentir a corrente de sua vida escondida enquanto ela guia todas as coisas de dentro, pulsando como bênção … através do universo e através de nosso próprio ser mais íntimo”. O escritor paulino descreve esta vida como “escondida com Cristo em Deus”. (Col. 3:3)
O imaginário poético e teológico de Jesus sentado à direita de Deus, entronizado no alto, retrata o Cristo ressuscitado como exercendo o poder e a autoridade última como Senhor. A mais antiga confissão cristã foi simplesmente, Jesus é Senhor. Mas este poder e autoridade, dada a vida que Jesus viveu e a morte que ele morreu, só pode ser o poder e autoridade do amor divino.
O Senhor era o título atribuído ao imperador romano. Para os cristãos, chamar Jesus de Senhor era uma alta traição. Só um poderia ter a autoridade máxima. O Senhorio de Jesus foi a contra narrativa ao poder coercitivo do império e exigia uma espécie de transformação pessoal e comunitária que exigia grande coragem.
Jesus foi crucificado porque o modo de vida que ele encarnava e ensinava era considerado uma ameaça ao sistema de dominação que exercia o poder político e religioso coercivo. A narrativa alternativa – refletida na vida e na morte de Jesus, justificada na ressurreição e tornada acessível através de sua vida ressuscitada – corre sobre o poder de perdoar e restaurar, redimir e reconciliar, curar e liberar, curar e corrigir. Ela gera fé e inspira esperança numa visão de um mundo justo.
A ressurreição de Jesus significa que o reino de Deus está solto entre os reinos do mundo, que o poder do amor está em ação no meio de sistemas massivos que são alimentados pelo amor ao poder, que o poder da vida pode ser experimentado e expresso mesmo nas condições mais decrescentes da vida.
Uma fé viva na ressurreição de Jesus significa confessar Jesus como Senhor. Confessar Jesus como Senhor significa fidelidade à casa de Deus, não ao império. Significa participar de uma revolução social não violenta que reconhece a dignidade de todo ser humano e de toda a criação, e que é vista como uma ameaça por todo sistema social que opera no poder de controlar e estabelecer uma ordem de bicadas.
A ressurreição de Jesus significa que não importa quanto tempo leve ou que forma assuma, o poder do amor acabará prevalecendo.