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Uma paciente feminina de 63 anos de idade apresentou uma história de 1 ano de poliartrite recorrente e uma história de 3 meses de tosse seca. Os resultados dos seus testes laboratoriais foram normais. O exame físico revelou deformidade em ambas as orelhas, com sinais inflamatórios. A TC de tórax mostrou espessamento difuso das paredes da traquéia e brônquios principais (Figura 1). O parênquima pulmonar estava normal.

Um arquivo externo que contém uma figura, ilustração, etc. O nome do objeto é 1806-3713-jbpneu-43-04-00251-gf1.jpg
Corte da TC axial (em A e B) e reconstrução da TC coronal (em C) mostrando espessamento difuso da parede anterior da traquéia e brônquios principais, com calcificações (setas). Note-se que a parede posterior (pontas de flechas) é poupada.

O espessamento difuso da parede traqueal tem um grande número de etiologias possíveis – amiloidose; policondrite recorrente (RP); osteocondroplastia de traqueopatia (TPO); infecções, como tuberculose, paracoccidioidomicose e rinocloroma; granulomatose com poliangite; sarcoidose; linfomas; etc. Algumas características de imagem podem ser úteis para estreitar o diagnóstico diferencial, como a presença de calcificações, e definir se toda a circunferência traqueal está afetada ou se a lesão poupa a parede membranosa posterior, afetando apenas a porção cartilaginosa. No caso aqui apresentado, duas características da TC são dignas de nota: o espessamento da parede tem calcificações em toda sua extensão longitudinal; e a porção membrana posterior da parede traqueal é poupada.

Calcificações da parede traqueal podem ser observadas em pacientes saudáveis, estando relacionadas à senilidade. Entretanto, calcificações associadas ao espessamento da parede podem ser observadas em amiloidose, TPO e RP. Na amiloidose, o envolvimento é circunferencial, afetando também a parede membranosa posterior. Portanto, no caso aqui apresentado, o diagnóstico diferencial é restrito a duas doenças: TPO e RP.

TPO é uma doença de etiologia desconhecida, caracterizada pela formação de pequenos nódulos submucosos, geralmente calcificados, salientes na luz traqueal. A doença restringe-se à árvore traqueobrônquica. Pode ser assintomática, ou pode resultar em tosse, dispnéia, pieira ou, ocasionalmente, hemoptise.

RP caracteriza-se por episódios recorrentes e potencialmente graves de inflamação dos tecidos cartilaginosos, incluindo a cartilagem do ouvido, nariz, articulações periféricas e árvore traqueobrônquica. Os sintomas das vias aéreas incluem dispnéia progressiva, tosse, estridor e rouquidão, que se devem à destruição e fibrose dos anéis cartilaginosos da laringe e traquéia, levando ao colapso luminal, e também ao estreitamento das vias aéreas causado pela inflamação e fibrose cicatricial.

Nosso paciente teve, além das alterações traqueobrônquicas características na TC de tórax, uma artropatia seronegativa e condrite auricular. Com base nestes elementos, foi feito um diagnóstico de RP. Na maioria dos casos, a biópsia não é necessária para confirmação diagnóstica.

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